top of page

A cada 7 minutos, um brasileiro morre de AVC: doença avança entre jovens e exige atenção

ree

O Acidente Vascular Cerebral continua entre as principais causas de morte e incapacidade no país e, segundo estimativas amplamente adotadas por especialistas, um brasileiro morre a cada sete minutos em decorrência da doença. Por muito tempo associado apenas ao envelhecimento, o AVC hoje preocupa também pela crescente incidência em adultos jovens, impulsionada por fatores como hipertensão não controlada, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, consumo abusivo de álcool, uso de drogas, sedentarismo e estresse crônico. A combinação entre rotina acelerada, noites mal dormidas, alimentação ultraprocessada e baixa adesão a consultas periódicas cria um cenário de risco silencioso. Quando o tema é prevenção, a mensagem central permanece inequívoca: reconhecer sinais precoces e agir rápido salva vidas e reduz sequelas.


O AVC ocorre quando o fluxo de sangue ao cérebro é interrompido por obstrução ou ruptura de um vaso, produzindo lesões que podem comprometer fala, visão, força muscular e cognição. A forma isquêmica, mais comum, resulta do entupimento de artérias por coágulos; a hemorrágica, menos frequente porém mais grave, decorre do rompimento de vasos e sangramento intracraniano. Em ambos os casos, o tempo é decisivo, porque neurônios privados de oxigênio morrem em questão de minutos. Por isso, o cuidado começa antes do hospital: identificar o que está errado, ligar imediatamente para o atendimento de emergência e não dirigir por conta própria são atitudes que encurtam o caminho até o tratamento adequado.


Entre os jovens, o aumento de casos guarda relação com hábitos e condições muitas vezes subdiagnosticadas. Pressão alta não monitorada, apneia do sono, uso de anabolizantes, pílulas sem orientação, enxaqueca com aura, arritmias como fibrilação atrial e trombofilias podem elevar o risco mesmo em pessoas ativas e sem histórico familiar evidente. A cultura do “depois eu vejo” atrasa exames simples que mudam o curso da história natural da doença, como aferição de pressão, hemograma, perfil lipídico e glicemia. Some-se a isso o uso prolongado de telas até a madrugada, alimentação rica em sal, açúcar e gorduras e a queda da prática de exercícios, e está dada a fórmula para um cérebro mais vulnerável.


Reconhecer rapidamente os sintomas é passo essencial e ao alcance de qualquer pessoa. Assimetria do sorriso, fraqueza ou formigamento em um lado do corpo, dificuldade para levantar os dois braços, fala arrastada, confusão mental súbita, perda de visão, tontura intensa e dor de cabeça abrupta e severa são sinais de alerta. Diante de suspeita, vale aplicar uma regra prática de memorização, com foco em agir sem demora: sorria para observar desvio da boca; peça para a pessoa levantar ambos os braços e note fraqueza unilateral; solicite repetir uma frase simples e avalie alteração na fala; sendo positivo, trate como urgência e acione o serviço de emergência pelo 192. Essa sequência objetiva ajuda a transformar dúvida em ação e fazer o tempo trabalhar a favor do paciente.


No hospital, protocolos estruturados permitem confirmar o tipo de AVC com exames de imagem e iniciar terapias específicas em janelas estreitas de tempo. Na forma isquêmica, a trombólise medicamentosa e, em casos selecionados, a trombectomia mecânica podem desobstruir artérias e preservar tecido cerebral; na hemorrágica, o foco é estabilizar pressão, controlar o sangramento, manejar complicações e, quando indicado, abordar cirurgicamente. A reabilitação começa cedo, com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, porque cada dia de estímulo conta para recuperar marcha, força e linguagem. Quanto mais cedo se chega, melhores os desfechos e menor o custo humano e social da doença.


A prevenção é um pacto diário entre escolhas individuais e políticas públicas. Controlar a pressão arterial, manter o colesterol sob meta, tratar diabetes, abandonar o cigarro, reduzir álcool, dormir melhor, praticar ao menos 150 minutos semanais de atividade física, priorizar comida fresca e reduzir ultraprocessados são medidas com impacto direto no risco. Para quem tem histórico familiar, cardiopatias ou enxaqueca com aura, a atenção deve ser redobrada e orientada por profissionais de saúde. Em ambiente de trabalho e estudo, campanhas educativas e aferição periódica de pressão ajudam a identificar precocemente quem precisa de acompanhamento. Diante de uma doença que pode atingir todas as idades, informação de qualidade, vigilância dos fatores de risco e resposta rápida fazem a diferença entre sequelas permanentes e uma vida retomada com autonomia.


bottom of page