Uso irregular de zolpidem vira problema de saúde pública
- edufribeiro07
- 25 de nov.
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Nos últimos anos, o uso irregular do hipnótico Zolpidem originalmente prescrito para tratar a insônia vem sendo identificado como uma crescente preocupação de saúde pública. Embora seja um medicamento eficiente para induzir o sono em curto prazo, o seu uso prolongado ou em doses além das indicadas está associado a dependência, tolerância, efeitos adversos graves e até abuso recreativo. Diversos estudos recentes demonstram que esses riscos se elevam quando o medicamento é usado por períodos longos ou sem supervisão médica adequada.
Além dos danos diretos ao paciente, há implicações mais amplas para o sistema de saúde. Em levantamentos realizados no Brasil foi identificada maior prevalência de consumo em adultos de meia-idade, com variação de doses e maior concentração nos comprimidos de 10 mg, o que ressalta a necessidade de estratégias de vigilância, controle e educação sanitária. A fácil disponibilidade, a prescrição por períodos extensos e a percepção equivocada de “menor risco” em comparação com benzodiazepínicos tornam a situação ainda mais complexa.
Do ponto de vista clínico, os efeitos adversos relatados incluem amnésia anterógrada, alterações cognitivas, comportamento complexo durante o sono como dirigir ou cozinhar dormindo assim como quedas e fraturas em populações vulneráveis. Há ainda o fenômeno da tolerância, ou seja, a necessidade de aumentar a dose para obter o mesmo efeito do sono, assim como a síndrome de abstinência quando o uso é descontinuado abruptamente, o que agrava o cenário de dependência.
Além disso, o uso irregular do zolpidem assume contornos de saúde pública quando se considera sua aplicação fora da prescrição original seja em contextos de “auto-medicação”, seja em contextos de uso recreativo para alcançar “high” ou efeitos eufóricos. Em artigos internacionais já há relatos de pessoas escalando doses muito acima das terapêuticas e sofrendo consequências graves, o que aponta para o uso problemático desse agente.
No Brasil, as autoridades sanitárias e profissionais de saúde enfrentam o desafio de reforçar a necessidade de prescrição criteriosa, limitar o tempo de uso e intensificar a orientação ao paciente e à população. Uma revisão recente destaca que medicamentos desse tipo devem ser usados preferencialmente por curto período, com acompanhamento farmacêutico ativo, e que há falta de campanhas de uso racional e atenção farmacêutica eficientes.
Diante desse contexto, é essencial que os gestores de saúde, prescritores, farmacêuticos e pacientes atuem de forma coordenada para minimizar os danos. Isso inclui protocolos mais rígidos de prescrição, reforço da vigilância de consumo e dispensação, educação com foco nos riscos do uso prolongado ou inadequado, e políticas públicas que reconheçam o uso irregular de hipnóticos como parte da agenda de saúde mental e dependência. Sem essa abordagem integrada, o uso irregular de zolpidem poderá continuar a evoluir como um problema de saúde pública de maior amplitude.





