Turismo global entra em fase de transformação com novas diretrizes internacionais

O turismo mundial está passando por uma das mudanças mais amplas de sua história recente. A nova agenda internacional, apresentada por uma coalizão formada por especialistas, governos, empresas de transporte, redes hoteleiras e entidades culturais, foi criada para orientar o setor diante de desafios como superaquecimento climático, pressão sobre ecossistemas e desigualdade no acesso aos benefícios econômicos das viagens.

A principal mudança está na visão do que é “crescimento turístico”. Em vez de medir apenas o fluxo de visitantes ou o número de voos, o documento propõe que destinos avaliem qualidade da experiência, contribuição para a cultura local, preservação ambiental e melhorias sociais geradas pela atividade turística. Ou seja: o turismo deixa de ser apenas um produto e passa a ser uma ferramenta de regeneração.

A agenda estabelece que destinos turísticos devem adotar programas de recuperação de áreas degradadas, proteção de habitats sensíveis, incentivo ao uso de energias renováveis e redução de emissões associadas ao transporte. O texto também recomenda que governos criem metas comuns para medir o impacto turístico, incluindo indicadores de carbono, biodiversidade e pegada hídrica, algo que nunca havia sido padronizado globalmente.

Outro eixo fundamental é o papel das comunidades. A proposta defende que a população residente deixe de ser apenas um espectador para se tornar coautora da experiência turística. Isso inclui participação em conselhos, parte dos lucros revertida para projetos sociais, formação profissional, valorização da cultura local e combate à gentrificação.Também há incentivo para que o turista viva experiências culturais mais profundas, saindo da lógica de visitas rápidas e consumistas.

Os especialistas envolvidos estimam que o turismo pode ultrapassar US$ 16 trilhões em impacto econômico global nos próximos anos, desde que a transição seja feita com responsabilidade.A projeção leva em conta o fortalecimento de setores como mobilidade inteligente, hotéis sustentáveis, turismo rural, tecnologia para eficiência energética e experiências baseadas em natureza.

Com o retorno acelerado do turismo mundial após anos de retração, muitos destinos enfrentam superlotação, impactos ambientais severos e saturação de infraestrutura. A nova agenda surge como resposta a esses problemas e como oportunidade para reinventar o setor antes que eles se tornem irreversíveis.