Seis em cada dez brasileiros já sofreram tentativas de fraude digital, aponta levantamento
- edufribeiro07
- 20 de out.
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Em um país cada vez mais conectado, os crimes virtuais continuam crescendo e se tornando uma das maiores ameaças à segurança digital dos consumidores. Um levantamento realizado pela Koin, fintech especializada em pagamentos digitais e prevenção a fraudes no e-commerce, revelou que 59,7% dos brasileiros sofreram tentativas de fraude digital em 2024. O percentual, embora ligeiramente menor do que o registrado em 2023, quando chegou a 62,4%, ainda é considerado alarmante. O estudo mostra que mais da metade das vítimas, cerca de 52,4%, chegou a cair nos golpes, o que reforça a necessidade de conscientização e adoção de práticas mais seguras no ambiente online.
Os dados indicam que os golpes virtuais se sofisticaram, explorando novas plataformas e comportamentos do usuário. De acordo com Ana Cleyge Azevêdo, mestre em Computação Aplicada e coordenadora do curso de Engenharia da Computação da Universidade Salvador (UNIFACS), entre as fraudes mais comuns estão o phishing, em que criminosos utilizam e-mails, mensagens ou páginas falsas para roubar dados bancários; a clonagem de WhatsApp, usada para pedir dinheiro a contatos da vítima; e os sites falsos de e-commerce, que oferecem produtos inexistentes para enganar consumidores. Há também casos de boletos adulterados, com dados modificados para desviar pagamentos, e de promoções enganosas amplamente divulgadas nas redes sociais.
Para a especialista, há sinais claros que podem indicar tentativas de golpe. Mensagens com erros de português, links suspeitos, ofertas com preços muito abaixo da média e comunicações que criam senso de urgência devem acender o alerta. Ela orienta os usuários a não clicar em links de remetentes desconhecidos, confirmar promoções diretamente nos sites oficiais, ativar a autenticação em duas etapas e criar senhas diferentes e seguras para cada serviço. Outra recomendação importante é jamais compartilhar códigos de confirmação recebidos por SMS ou e-mail, prática frequentemente explorada por golpistas em fraudes de verificação.
No caso de compras online, Ana Cleyge destaca que a atenção deve ser redobrada. Ela orienta o consumidor a verificar se o endereço eletrônico começa com “https://” e se o site exibe o cadeado de segurança. Também é essencial checar o CNPJ e os dados de contato da loja, além de pesquisar a reputação em plataformas como o Reclame Aqui e nas redes sociais. A especialista lembra que bancos e aplicativos financeiros já dispõem de medidas adicionais, como autenticação por biometria, chaves dinâmicas e tokens de segurança, que reduzem o risco de invasões. Além disso, manter antivírus e aplicativos atualizados é uma das formas mais eficazes de prevenção.
Para quem não tem familiaridade com tecnologia, a recomendação é buscar ajuda antes de realizar qualquer transação suspeita. Confirmar informações em mais de uma fonte, evitar pressa diante de mensagens urgentes e utilizar apenas aplicativos oficiais são atitudes que ajudam a evitar grandes prejuízos. Segundo a especialista, a combinação de desatenção e excesso de confiança ainda é o que mais favorece a ação de criminosos no ambiente digital. O avanço da digitalização exige não apenas tecnologia de proteção, mas também uma cultura de segurança baseada na informação e no comportamento preventivo.
O professor Inácio Neto, do curso de Direito da UNIFACS, alerta que, em casos de suspeita ou confirmação de fraude, é fundamental verificar diretamente com a instituição financeira ou empresa envolvida. Se o golpe for confirmado, a vítima deve registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia especializada em crimes cibernéticos ou nos portais oficiais da Polícia Civil e da Polícia Federal. Além da esfera criminal, também é possível buscar reparação na esfera cível, recorrendo à Defensoria Pública, Procon ou juizados especiais especialmente nos casos com prejuízo de até 20 salários mínimos. Para o especialista, agir rapidamente e reunir provas do golpe são passos decisivos para aumentar as chances de resolução e responsabilização dos autores.





