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Na visão de Raimundo Freire, sommelier de cachaça: o que você precisa saber sobre metanol

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Após as divulgações dos fatos ocorridos com o consumo de bebidas adulteradas, várias pessoas me procuraram para entender o que foi e como se proteger de situações como essa. E, olha, a preocupação é super válida.

Ninguém quer transformar um momento de celebração em um susto, não é mesmo? Por isso, resolvi escrever este informativo leve e descomplicado sobre um assunto sério: o metanol nas bebidas.

Sem alarmismo, mas com toda a informação que você precisa para se cuidar e cuidar de quem você gosta. Vamos lá?



O que é esse tal de metanol?


Imagine que o álcool que consumimos nas bebidas (o etanol) tem um primo distante: o metanol. Eles são parecidos na aparência e no cheiro, mas as semelhanças param por aí. Enquanto o etanol é metabolizado pelo nosso corpo de forma relativamente segura (quando consumido com moderação, claro!), o metanol é um vilão disfarçado.

Quando entra no organismo, o metanol é transformado em substâncias tóxicas que podem causar estragos sérios, afetando desde a visão até órgãos vitais. É como um lobo em pele de cordeiro.


Como se prevenir

A melhor defesa é a informação. Não tem segredo: a prevenção é a nossa maior aliada. E a boa notícia é que não é nenhum bicho de sete cabeças.

  • Compre de fontes confiáveis: essa é a regra de ouro. Prefira estabelecimentos conhecidos, com boa reputação. Evite comprar bebidas de ambulantes, em locais de procedência duvidosa ou com preços muito abaixo do mercado. Desconfie de ofertas milagrosas.

  • Observe o rótulo e a embalagem: um rótulo bem feito, com informações claras (produtor, registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, ingredientes, data de validade), é um bom sinal. Atenção a embalagens amassadas, lacres rompidos ou com sinais de adulteração. A garrafa deve estar impecável, sem resíduos estranhos ou sedimentos.

  • Cheiro e sabor: embora o metanol seja parecido com o etanol, qualquer cheiro ou sabor estranho na bebida deve servir de alerta. Se algo não parece certo, não arrisque. Confie no seu instinto.


Sintomas

Os sintomas da intoxicação por metanol podem demorar a aparecer — geralmente entre 12 e 24 horas após a ingestão — mas também podem surgir mais cedo (cerca de 40 minutos) ou até depois de 72 horas, dependendo da quantidade ingerida e da sensibilidade da pessoa.

Como eles podem ser confundidos com os de uma ressaca forte, a situação se torna ainda mais perigosa. Fique atento a:

  • Problemas de visão: visão turva, embaçada, pontos cegos ou até perda total da visão. Esse é um dos sinais mais característicos e preocupantes.

  • Mal-estar geral: náuseas, vômitos, dor abdominal intensa, dor de cabeça forte e tontura.

  • Confusão mental: dificuldade de concentração, sonolência excessiva, desorientação e até convulsões.

  • Dificuldade para respirar: respiração ofegante ou irregular.


O que fazer se houver suspeita de ingestão

Agir rápido é fundamental.

  1. Procure ajuda médica urgente: vá imediatamente ao pronto-socorro ou ligue para o SAMU (192) ou para o Corpo de Bombeiros (193). Informe sobre a suspeita de intoxicação por metanol. O tempo é crucial para evitar sequelas graves.

  2. Não tente se medicar em casa: esqueça remédios caseiros ou a ideia de que “vai passar”. A intoxicação por metanol é uma emergência médica séria que exige tratamento hospitalar específico.

  3. Guarde a bebida suspeita: se possível, leve um pouco da bebida ingerida para a equipe médica. Isso pode ajudar na identificação da substância e no tratamento adequado.


Conclusão

Se divertir e brindar à vida é maravilhoso, mas fazer isso com segurança é ainda melhor. Com um pouco de atenção e informação, podemos evitar que momentos de alegria se transformem em grandes preocupações.

Cuide-se, informe-se e celebre a vida com responsabilidade!

Beba menos, melhor e com moderação.

Saúde!

Escrito por Raimundo Freire, Sommelier de cachaça.



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