Brasileiro que criou mosquito Aedes que não transmite dengue entra na lista de cientistas que mudaram a ciência em 2025
- edufribeiro07
- há 7 horas
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Um marco importante na luta contra a dengue no Brasil em 2025 foi a inauguração da maior biofábrica do mundo voltada à produção de mosquitos Aedes aegypti modificados com a bactéria Wolbachia — mosquitos que não transmitem com eficiência vírus da dengue, zika ou chikungunya. A unidade, instalada no Paraná sob coordenação do Wolbito do Brasil (parceria entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná — IBMP — e o Fiocruz), elevou o Brasil ao protagonismo mundial em biotecnologia de controle de vetores.
A estratégia consiste em liberar no ambiente mosquitos Aedes carregando Wolbachia — bactéria que bloqueia a capacidade do vírus de se desenvolver no organismo do inseto — de forma que, ao se reproduzirem com a população local, transmitam essa característica defensiva às próximas gerações. O método já estava em uso desde 2014 em várias cidades brasileiras, mas com a nova biofábrica a escala de produção e liberação será muito maior, podendo atingir semanalmente 100 milhões de ovos de mosquitos “do bem”.
A iniciativa faz parte de um esforço contínuo de pesquisa e saúde pública e representa um exemplo de ciência aplicada com impacto direto na vida das pessoas. Em 2025, diante de epidemias de dengue e outros arboviroses, o avanço tecnológico e logístico desse método chamou atenção internacional, e pesquisadores ligados ao projeto foram apontados como “entre os cientistas que mudaram a ciência” neste ano. A combinação entre inovação, parceria institucional e efetividade concreta transformou o Brasil em referência global no combate biológico às doenças transmitidas por mosquitos.
Além do impacto sanitário imediato, o projeto reflete um reposicionamento estratégico no controle de doenças tropicais: ao invés de depender exclusivamente de campanhas de eliminação de criadouros ou uso químico de inseticidas, a solução aposta em biologia sintética ou biotecnologia — intervenções inteligentes e sustentáveis, com menor impacto ambiental e maior chance de continuidade a longo prazo. Essa visão moderna de saúde pública elevou o debate para além do tratamento: é prevenção estrutural, ciência aplicada e soberania tecnológica.
Para quem criou, coordenou ou colaborou com o projeto no Brasil — desde cientistas do IBMP e da Fiocruz até técnicos da Wolbito do Brasil —, o reconhecimento ultrapassa fronteiras acadêmicas: é uma vitória coletiva pela saúde pública, inovação e pela capacidade do país de gerar soluções próprias para desafios endêmicos. Em um ano marcado por surtos e impacto de arboviroses, ver essa resposta científica ser implementada massivamente trouxe esperança para milhões de pessoas e redefiniu expectativas sobre o controle da dengue no Brasil.
O momento também reacende discussões sobre investimento em ciência, políticas públicas de saúde e o papel da pesquisa nacional no enfrentamento de crises sanitárias. O sucesso da biofábrica e do método baseado em Wolbachia mostra que iniciativas brasileiras podem disputar em igualdade de condições no cenário global, gerando resultados práticos e salvando vidas — e reforça a importância de manter apoio e financiamento à pesquisa científica como pilar de futuro.


