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Estudo aponta: sentimento de “vício” no Instagram existe mas dependência verdadeira é rara

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Uma pesquisa inédita envolvendo usuários do Instagram revelou que uma parcela significativa das pessoas declara sentir-se “viciada” na rede social mas apenas uma pequena minoria apresenta sintomas compatíveis com dependência clínica. O estudo, publicado recentemente na revista científica Scientific Reports, indica que uso intensivo da plataforma tende a se configurar mais como um hábito repetido do que como um vício de fato. Essas conclusões lançam dúvidas sobre a frequência do uso do termo “vício em redes sociais”, muitas vezes impulsionada pela mídia e pela percepção subjetiva dos usuários.


No levantamento, foram analisados 1.204 adultos usuários do Instagram. Destes, cerca de 18% declararam em algum grau acreditar estar “viciados” na plataforma entre os que afirmaram sentir dependência com convicção, cerca de 5%. No entanto, quando submetidos a critérios clínicos de dependência, apenas 2% apresentaram sinais compatíveis com risco real de dependência como compulsão, perda de controle, sintomas de abstinência ou prejuízo em outras áreas da vida.


Os autores do estudo alertam para os riscos de interpretar o uso intenso de redes sociais como vício sem base clínica. Eles demonstram que o comportamento é mais bem explicado como hábito: ações automatizadas de checar, rolar, publicar ou reagir reforçadas pela frequência, recompensas sociais e estímulos repetidos estão por trás da sensação de necessidade. Esse padrão, comum a muitos comportamentos cotidianos, não necessariamente configura distúrbio ou transtorno.


Além disso, os pesquisadores observaram que a mídia tem papel central na formação da percepção de “vício”. Uma análise de publicações entre 2021 e 2024 mostrou que artigos com o termo “social media addiction” superam em muito os que mencionam “social media habit”, o que potencializa a reforçar a ideia de dependência mesmo quando há apenas hábito. Em experimentos, pessoas que foram levadas a refletir sobre seu suposto “vício” relataram menor controle sobre o uso e sentimento de culpa mesmo sem critérios clínicos o que demonstra que a própria rotulação pode piorar a relação com a rede.


Os especialistas afirmam que essa distinção entre hábito e dependência é importante para orientar políticas de saúde, educação digital e autocuidado. Considerar uso intensivo como vício pode levar a estigmatizações, culpa desnecessária e até desperdício de recursos em intervenções clínicas sem fundamento. Por outro lado, reconhecer o uso habitual como recorrente mas passível de autogestão por meio de controle de tempo, pausas, consciência dos hábitos pode favorecer práticas de uso mais saudáveis e equilibradas.


Para o público em geral, a mensagem principal do estudo é de cautela: sentir-se “viciado” no Instagram não é sinônimo de dependência clínica. A menos que haja prejuízos visíveis na vida pessoal, profissional ou de saúde mental, o uso intenso dificilmente se configura como transtorno. Identificar os sinais reais — perda de controle, abstinência, consequências negativas e diferenciar hábito de dependência é essencial para evitar alarmismos e promover bem-estar digital.


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