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Brasil prevê instalação de um dos cinco supercomputadores de IA mais potentes do mundo dentro do Plano Nacional de Inteligência Artificial

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O Brasil avança em sua estratégia de soberania tecnológica ao prever a instalação de um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo, conforme divulgado no âmbito do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). A iniciativa, formulada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em articulação com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, tem como meta consolidar infraestrutura de computação de alto desempenho em solo nacional, de modo a assegurar a autonomia no desenvolvimento de IA e proteção de dados estratégicos.


De acordo com o documento oficial do PBIA, o investimento previsto para os próximos anos soma cerca de R$ 23 bilhões, destinados à criação de infraestrutura, capacitação de pessoas e desenvolvimento de modelos avançados. Entre essas ações estruturantes está a aquisição desse supercomputador de altíssimo desempenho, que deverá operar com nível comparável aos líderes globais da categoria e estar integrado à “nuvem soberana” brasileira.


A localização da instalação do supercomputador ainda está em estudo, com o MCTI avaliando alternativas de localidade que considerem consumo de energia, conectividade, segurança física e geoestratégica. Uma das candidatas era o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), mas desafios relacionados ao custo energético e à infraestrutura levaram à reconsideração dessa escolha.


Além de seu papel técnico, o supercomputador terá função simbólica e estratégica: ao reforçar a soberania digital, o Brasil busca reduzir sua dependência de fornecedores externos e garantir que dados sensíveis públicos e privados possam ser processados em território nacional com controle regulatório brasileiro. O PBIA afirma que “não desejamos simplesmente importar soluções; queremos desenvolvê-las aqui, por brasileiros e para brasileiros”.


Do ponto de vista econômico e industrial, a iniciativa pode ter efeitos multiplicadores: a instalação da máquina exige data centers com alta capacidade, fontes de energia confiáveis, refrigeração eficiente e infraestrutura de rede de fibra óptica. Esses elementos, por sua vez, estimulam investimentos em centrais de dados, inovação em hardware e atração de empresas com perfil de alta tecnologia, o que pode gerar um ciclo de trilhões de reais em investimentos no setor no médio prazo.


Entretanto, o projeto enfrenta desafios: são necessários contratos de longo prazo, definidas fontes de energia limpa e estável, além de uma governança de dados, segurança cibernética e regulação de IA que garantam confiança dos usuários. Especialistas também destacam que o simples hardware não é suficiente: será preciso formar mão-de-obra qualificada, criar ecossistemas de pesquisa aplicada e garantir que o uso da máquina beneficie de fato a sociedade brasileira.

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