Três anos depois, primeira paciente da Bahia submetida a transplante de linfonodo celebra transformação de vida
- edufribeiro07
- 11 de set.
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A história da professora e mestranda Elizabeth Rezende Almeida, 33 anos, é um marco para a medicina baiana e brasileira. Natural de Mato Grosso, ela se tornou a primeira paciente da Bahia a passar por um transplante de linfonodo, realizado em Salvador por meio da supermicrocirurgia. Três anos depois, ela celebra não apenas o sucesso do procedimento, mas também a transformação completa em sua vida.
Elizabeth convivia com o linfedema primário desde a infância, condição crônica que causa acúmulo de líquidos e proteínas no espaço entre as células, levando a inchaço nos membros, dores constantes e forte impacto emocional. “O transplante foi um divisor de águas, de força, resiliência e luta. A dor que sentia e me incomodava acabou, e isso é uma grande responsável pela mudança da minha qualidade de vida”, afirmou emocionada.
Antes da cirurgia, ela chegou a ficar afastada do trabalho por anos, em função das limitações impostas pela doença. “Junto com as dores, foram embora diversas questões de autoestima e crenças que me impediam de crescer”, relembrou. Hoje, a realidade é outra: Elizabeth voltou a lecionar, se dedica ao mestrado em Ensino de Sociologia e afirma ter reconquistado qualidade de vida.
O neurocirurgião Leonardo Avellar, responsável pelo projeto Linfoviva em parceria com o também neurocirurgião Marcelo Magaldi, explica que o linfedema é uma doença progressiva e sem cura. “Costumo dizer que é como se fosse o ‘esgoto’ do corpo. Quando o sistema linfático falha, o acúmulo não é mais eliminado. O membro incha, endurece e se torna mais suscetível a infecções. É um sofrimento diário para os pacientes”, detalha.
O transplante de linfonodo surge como alternativa diante da limitação dos tratamentos convencionais, como fisioterapia e drenagem linfática. A técnica utiliza linfonodos de áreas saudáveis do corpo, que são implantados em regiões comprometidas por meio de supermicrocirurgia, exigindo habilidade e equipamentos de alta precisão. “Já tratamos cerca de 20 pacientes, e a maioria apresenta resultados excelentes, inclusive com redução do volume dos membros. Mas o principal objetivo é frear a progressão da doença e devolver dignidade”, reforça Avellar.
A iniciativa baiana fortalece a inserção do Brasil no mapa internacional da supermicrocirurgia para linfedema. Os bons resultados obtidos até aqui, aliados ao compromisso da equipe em expandir o projeto, consolidam Salvador como referência nessa área. Elizabeth é hoje o exemplo vivo do impacto positivo que a inovação pode trazer. “A vida girava em torno da doença, mas hoje consigo respirar e olhar para frente com confiança”, resume, emocionada.





