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Netflix fecha acordo de US$ 72 bilhões para comprar estúdios e streaming da Warner Bros. Discovery

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A Netflix anunciou nesta sexta-feira, 5, um acordo histórico para adquirir os estúdios de cinema, TV e a divisão de streaming da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões, valor equivalente a mais de R$ 382 bilhões. A negociação entrega à plataforma de streaming o controle de alguns dos ativos mais tradicionais e valiosos de Hollywood, consolidando uma das maiores operações já registradas no setor de mídia e entretenimento. A movimentação encerra uma disputa acirrada que durou semanas e confirma a virada estratégica da empresa, que passa a deter propriedades intelectuais que moldaram a história do audiovisual global.


A compra ocorre após uma intensa guerra de lances em que a Netflix superou a Paramount Skydance ao apresentar uma oferta próxima de US$ 28 por ação, ultrapassando a proposta de quase US$ 24 da concorrente. A Paramount havia demonstrado interesse em adquirir integralmente a Warner Bros. Discovery, incluindo ativos de TV a cabo que serão desmembrados no processo. Com ações negociadas a US$ 24,5 no dia anterior ao anúncio, a Warner Bros. Discovery possuía valor de mercado de aproximadamente US$ 61 bilhões, reforçando a dimensão da operação. Analistas observam que a Netflix usou sua força financeira e liderança no setor para assegurar a compra em um momento decisivo.


Com o acordo, a Netflix passa a controlar franquias de enorme relevância comercial, entre elas “Game of Thrones”, “Harry Potter” e o universo da DC Comics, além da plataforma HBO Max. A aquisição reposiciona o equilíbrio de poder em Hollywood, já que a empresa construiu sua dominância global sem grandes aquisições prévias ou uma biblioteca extensa de conteúdos clássicos. Agora, a plataforma ganha musculatura para competir diretamente com gigantes como Disney e Paramount, enquanto avança em novas frentes, como jogos e experiências interativas. Especialistas apontam que o movimento reforça a estratégia de reter direitos de longo prazo e reduzir a dependência de conteúdos externos.


Apesar da dimensão do acordo, a compra deve enfrentar um escrutínio rigoroso de órgãos reguladores nos Estados Unidos e na Europa, já que a operação coloca o maior serviço de streaming do mundo no comando de uma rival direta com quase 130 milhões de assinantes. Autoridades antitruste devem avaliar se a união poderia reduzir a concorrência e prejudicar o mercado global de streaming. A Netflix argumentou, durante as negociações, que a combinação de seu serviço com o HBO Max poderia beneficiar consumidores ao reduzir custos de pacotes e ampliar a oferta de produções em um único ecossistema, posição que deverá ser analisada com cautela por reguladores.


A Paramount, liderada por David Ellison, reagiu mal ao desfecho e criticou o processo de venda em uma carta pública enviada nesta semana, alegando favorecimento à Netflix nas etapas finais da negociação. A empresa foi a primeira a apresentar ofertas não solicitadas e destacou ter laços estreitos com investidores e autoridades, inclusive no governo Trump, o que, segundo analistas, poderia ter gerado expectativas internas de preferência. A movimentação da Netflix, contudo, acabou sendo mais agressiva e alinhada às expectativas dos acionistas da Warner Bros. Discovery, acelerando o fechamento da operação.


Como parte da reorganização estrutural necessária para viabilizar o acordo, a Warner Bros. Discovery confirmou que a divisão Global Networks, responsável pelos canais CNN, TNT Sports e Discovery, será separada e atuará como uma nova empresa independente. O desmembramento, anunciado inicialmente em junho, deve ser concluído no terceiro trimestre de 2026, antes da finalização da compra pela Netflix. Ao mesmo tempo, a empresa garantiu que continuará lançando filmes nos cinemas, como forma de preservar a cadeia exibidora e evitar impactos negativos no setor. O acordo, considerado um dos mais transformadores da história recente do entretenimento, deve redesenhar o mercado audiovisual mundial.

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