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Estudo global mostra queda no estresse crônico no trabalho, mas desafio agora é prosperar em vez de apenas resistir

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Os níveis de estresse crônico no trabalho diminuíram significativamente nos últimos anos, mas o ambiente corporativo ainda impõe desafios importantes à saúde mental e emocional dos profissionais. Depois do período pandêmico, o chamado “distresse” — o estresse negativo que mina a motivação, reduz o bem-estar e afeta o desempenho — caiu de 19% em 2021 para 7,5% em 2024. No Brasil, os números são ainda mais positivos: o índice de estresse no trabalho passou de 14% em 2023 para 8% em 2024, a maior queda da América Latina.


O dado reflete avanços nas relações de trabalho, maior atenção à saúde emocional e à busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional. No entanto, especialistas alertam que a redução do estresse não significa, necessariamente, prosperidade. O novo desafio é transformar o ambiente de trabalho em um espaço de crescimento, confiança e engajamento — e não apenas de sobrevivência.


O novo mapa do estresse

Globalmente, cerca de 32% dos trabalhadores que enfrentam estresse diário relatam sentir-se sobrecarregados, enquanto apenas 7% afirmam estar prosperando. Em contrapartida, entre aqueles que dizem ter pouco ou nenhum estresse no dia a dia, 34% se sentem prosperando e apenas 11% sobrecarregados. Os dados revelam um padrão claro: quanto menor a frequência de estresse negativo, maior a chance de o profissional prosperar e se manter engajado.


Entre as regiões mais afetadas pelo distresse estão a Europa, com destaque para Suécia e República Tcheca, seguida pelo Japão e pela Tailândia. Na América Latina, Argentina e Brasil aparecem com os menores índices de sobrecarga emocional. Já os países com as taxas mais baixas de estresse negativo são China, África do Sul e Singapura, onde prevalece uma percepção mais positiva do trabalho.


Julgamento e vigilância: o novo gatilho

O estudo também aponta um fenômeno crescente: a percepção de julgamento constante, especialmente em ambientes híbridos ou remotos. Cerca de 32% dos profissionais afirmam sentir que estão sendo observados ou avaliados o tempo todo, o que aumenta a sensação de vulnerabilidade e reduz a produtividade. Pessoas que se sentem constantemente vigiadas têm três vezes menos chance de prosperar no trabalho.


A América Latina aparece, novamente, como a região com menor índice de sensação de julgamento, enquanto o Oriente Médio e a África lideram com os maiores percentuais. A relação entre confiança, liberdade e saúde mental é direta — profissionais que percebem autonomia e empatia no ambiente de trabalho apresentam níveis mais altos de engajamento e permanência.


Por que o estresse não desaparece

Embora o estresse tenha caído, ele continua sendo uma das principais causas de afastamento e perda de produtividade. E tem perfil: mulheres relatam índices ligeiramente maiores em comparação aos homens. Entre os grupos mais vulneráveis estão profissionais entre 40 e 54 anos — faixa etária predominante entre líderes e gestores, que lidam com múltiplas pressões.

O estresse crônico está associado à exaustão emocional, insônia, queda de imunidade e distúrbios cardiovasculares. Por isso, monitorar sinais precoces — como irritabilidade, cansaço constante e dificuldade de concentração — é fundamental para prevenir o agravamento.


Caminhos para reverter o ciclo

Reduzir o estresse não depende apenas do trabalhador, mas também da cultura organizacional. Entre as práticas que mais contribuem para um ambiente saudável estão:

  • equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: respeitar horários e períodos de descanso.

  • gestão empática: líderes que escutam e acolhem evitam o acúmulo emocional da equipe.

  • propósito e autonomia: sentir que o trabalho tem significado e liberdade para decidir impacta positivamente o bem-estar.

  • rituais de pausa e respiração: intervalos regulares e exercícios respiratórios ajudam a regular o sistema nervoso.

  • apoio psicológico: programas de saúde mental e acompanhamento profissional devem ser vistos como parte da rotina, não como exceção.


Mais do que eliminar o estresse, o desafio das empresas modernas é criar espaços de trabalho que estimulem o estresse — o estresse positivo, aquele que motiva e impulsiona. O futuro do trabalho não será definido apenas pela produtividade, mas pela capacidade de fazer as pessoas prosperarem enquanto vivem bem.

 
 
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