Estudo global mostra queda no estresse crônico no trabalho, mas desafio agora é prosperar em vez de apenas resistir
- edufribeiro07
- 17 de out.
- 3 min de leitura

Os níveis de estresse crônico no trabalho diminuíram significativamente nos últimos anos, mas o ambiente corporativo ainda impõe desafios importantes à saúde mental e emocional dos profissionais. Depois do período pandêmico, o chamado “distresse” — o estresse negativo que mina a motivação, reduz o bem-estar e afeta o desempenho — caiu de 19% em 2021 para 7,5% em 2024. No Brasil, os números são ainda mais positivos: o índice de estresse no trabalho passou de 14% em 2023 para 8% em 2024, a maior queda da América Latina.
O dado reflete avanços nas relações de trabalho, maior atenção à saúde emocional e à busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional. No entanto, especialistas alertam que a redução do estresse não significa, necessariamente, prosperidade. O novo desafio é transformar o ambiente de trabalho em um espaço de crescimento, confiança e engajamento — e não apenas de sobrevivência.
O novo mapa do estresse
Globalmente, cerca de 32% dos trabalhadores que enfrentam estresse diário relatam sentir-se sobrecarregados, enquanto apenas 7% afirmam estar prosperando. Em contrapartida, entre aqueles que dizem ter pouco ou nenhum estresse no dia a dia, 34% se sentem prosperando e apenas 11% sobrecarregados. Os dados revelam um padrão claro: quanto menor a frequência de estresse negativo, maior a chance de o profissional prosperar e se manter engajado.
Entre as regiões mais afetadas pelo distresse estão a Europa, com destaque para Suécia e República Tcheca, seguida pelo Japão e pela Tailândia. Na América Latina, Argentina e Brasil aparecem com os menores índices de sobrecarga emocional. Já os países com as taxas mais baixas de estresse negativo são China, África do Sul e Singapura, onde prevalece uma percepção mais positiva do trabalho.
Julgamento e vigilância: o novo gatilho
O estudo também aponta um fenômeno crescente: a percepção de julgamento constante, especialmente em ambientes híbridos ou remotos. Cerca de 32% dos profissionais afirmam sentir que estão sendo observados ou avaliados o tempo todo, o que aumenta a sensação de vulnerabilidade e reduz a produtividade. Pessoas que se sentem constantemente vigiadas têm três vezes menos chance de prosperar no trabalho.
A América Latina aparece, novamente, como a região com menor índice de sensação de julgamento, enquanto o Oriente Médio e a África lideram com os maiores percentuais. A relação entre confiança, liberdade e saúde mental é direta — profissionais que percebem autonomia e empatia no ambiente de trabalho apresentam níveis mais altos de engajamento e permanência.
Por que o estresse não desaparece
Embora o estresse tenha caído, ele continua sendo uma das principais causas de afastamento e perda de produtividade. E tem perfil: mulheres relatam índices ligeiramente maiores em comparação aos homens. Entre os grupos mais vulneráveis estão profissionais entre 40 e 54 anos — faixa etária predominante entre líderes e gestores, que lidam com múltiplas pressões.
O estresse crônico está associado à exaustão emocional, insônia, queda de imunidade e distúrbios cardiovasculares. Por isso, monitorar sinais precoces — como irritabilidade, cansaço constante e dificuldade de concentração — é fundamental para prevenir o agravamento.
Caminhos para reverter o ciclo
Reduzir o estresse não depende apenas do trabalhador, mas também da cultura organizacional. Entre as práticas que mais contribuem para um ambiente saudável estão:
equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: respeitar horários e períodos de descanso.
gestão empática: líderes que escutam e acolhem evitam o acúmulo emocional da equipe.
propósito e autonomia: sentir que o trabalho tem significado e liberdade para decidir impacta positivamente o bem-estar.
rituais de pausa e respiração: intervalos regulares e exercícios respiratórios ajudam a regular o sistema nervoso.
apoio psicológico: programas de saúde mental e acompanhamento profissional devem ser vistos como parte da rotina, não como exceção.
Mais do que eliminar o estresse, o desafio das empresas modernas é criar espaços de trabalho que estimulem o estresse — o estresse positivo, aquele que motiva e impulsiona. O futuro do trabalho não será definido apenas pela produtividade, mas pela capacidade de fazer as pessoas prosperarem enquanto vivem bem.





