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Birra ou crise? Especialista explica como identificar sinais em crianças com autismo

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Muitos pais e cuidadores enfrentam o desafio de diferenciar uma simples birra de uma crise relacionada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora os dois comportamentos possam parecer semelhantes à primeira vista envolvendo gritos, choro intenso e resistência, as causas e os significados por trás de cada um são completamente diferentes. Segundo especialistas em desenvolvimento infantil, reconhecer essa diferença é essencial para oferecer o suporte adequado e evitar interpretações equivocadas sobre o comportamento da criança.


A psicóloga e analista do comportamento infantil Carolina Menezes explica que a birra, comum no desenvolvimento típico, geralmente tem um objetivo claro: a criança tenta expressar frustração ou obter algo que deseja. Já a crise autista não é uma escolha nem um comportamento intencional. Ela ocorre quando a criança é exposta a estímulos sensoriais, emocionais ou sociais que ultrapassam sua capacidade de regulação. “Enquanto a birra é um ato comunicativo, a crise é uma resposta fisiológica a uma sobrecarga do sistema nervoso”, afirma.


Durante uma crise, a criança com autismo pode apresentar reações intensas, como gritar, se balançar, tampar os ouvidos ou até se jogar no chão. Esses sinais não indicam falta de limites ou má criação, mas sim uma tentativa involuntária de lidar com o excesso de estímulos. Ruídos altos, luzes fortes, ambientes lotados ou mudanças bruscas de rotina podem ser gatilhos frequentes. A especialista reforça que nesses momentos o ideal é reduzir os estímulos, manter a calma e garantir que a criança esteja segura, sem tentar forçar contato visual ou repreender.


Outro ponto importante é o pós-crise, que costuma ser seguido por um estado de exaustão e sensibilidade aumentada. Nessa fase, a criança pode precisar de silêncio, acolhimento e tempo para se reorganizar emocionalmente. Os pais também devem observar se há padrões repetitivos, como crises em locais específicos ou diante de determinadas situações. Identificar esses padrões ajuda a prevenir novos episódios e a construir estratégias de apoio personalizadas, com o acompanhamento de terapeutas e profissionais especializados em autismo.


Para Carolina, o papel da família e da escola é fundamental nesse processo. O acolhimento e a compreensão são pilares do desenvolvimento saudável da criança no espectro. Ela recomenda que pais e professores recebam orientação profissional sobre regulação emocional e comunicação alternativa, especialmente em casos de crianças não verbais. “Quando os adultos interpretam corretamente os sinais e validam as emoções da criança, o comportamento tende a melhorar de forma natural e gradual”, explica.


Mais do que diferenciar birras e crises, o desafio é promover inclusão e empatia. Entender o comportamento infantil a partir das necessidades de cada criança é o primeiro passo para garantir um ambiente seguro e respeitoso. O autismo não se trata de falta de disciplina ou obediência, mas de um modo diferente de perceber e reagir ao mundo. A informação é a ferramenta mais poderosa para combater o preconceito e fortalecer vínculos entre família, escola e sociedade.



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