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Aumento global de casos de câncer de tireoide preocupa especialistas

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Estudos recentes apontam que a incidência global de câncer de tireoide tem apresentado um aumento contínuo ao longo das últimas décadas, em diversos países e faixas etárias. Pesquisadores da International Agency for Research on Cancer (IARC) observaram que, em 2022, mais de 237 000 novos casos foram diagnosticados em adolescentes e jovens adultos (15-39 anos) no mundo, com taxa especialmente elevada entre mulheres.


Essa tendência de crescimento não se limita apenas a essas faixas mais jovens. Dados de outras pesquisas mostram que entre 1990 e 2019 os casos novos passaram de aproximadamente 233 800 para mais de 305 000 até 2030, segundo projeções o que indica um crescimento significativo. A taxa de incidência padronizada segundo idade também vem subindo sistematicamente, o que reforça o padrão global.


Por outro lado, embora o número absoluto de casos esteja em ascensão, as taxas de mortalidade por câncer de tireoide permanecem relativamente estáveis ou em leve declínio em muitos países. Isso sugere que parte do aumento possa estar ligada a diagnósticos de tumores com evolução mais lenta ou menos agressiva, ou eventualmente ao fenômeno do sobrediagnóstico (overdiagnosis) quando tumores que talvez nunca causassem sintomas são detectados por técnicas avançadas de imagem.


Vários fatores são considerados como possíveis contribuintes para o incremento dos casos. Entre os mais citados estão a maior utilização de exames de imagem de alta resolução, detecção incidental de nódulos tireoidianos pequenos, maior atenção ao rastreamento; bem como fatores ambientais ou comportamentais como obesidade, exposição à radiação, alterações no consumo de iodo e mudança de estilos de vida. Ainda que não haja consenso quanto à proporção de cada fator, o conjunto evidencia que o perfil epidemiológico do câncer de tireoide está mudando.


Para as políticas de saúde, educação médica e sistemas públicos, esse panorama exige atenção. É importante que haja protocolos de rastreamento bem definidos, acompanhamento adequado dos tumores de baixo risco, evitar tratamentos excessivos ou desnecessários, e garantir que o aumento de diagnósticos resulte em benefícios reais de saúde e não apenas em estatísticas infladas. Em paralelo, a pesquisa precisa avançar para discriminar quais tumores realmente demandam intervenção e quais podem ser observados com segurança.


No Brasil, embora os dados nacionais ainda precisem de consolidação mais recente para refletir a tendência global com precisão, o padrão mundial serve como alerta para gestores públicos, profissionais de saúde e sociedade civil: é preciso reforçar a vigilância, considerar os fatores de risco regionais — como déficit ou excesso de iodo, obesidade e acesso aos exames e buscar uma integração entre prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento com boas práticas clínicas.

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