Afoxés levam o ritmo do ijexá às ruas do Centro Histórico de Salvador
- edufribeiro07
- 1 de dez.
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O Centro Histórico de Salvador recebeu neste domingo (30) uma grande celebração da cultura afro-baiana com o desfile de 24 agremiações de afoxés no evento “Esquentando os Atabaques”. A iniciativa, promovida pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) em parceria com a Câmara do Patrimônio do Conselho Estadual de Cultura, reuniu centenas de participantes e visitantes no Pelourinho, reforçando a importância do ijexá como expressão identitária, espiritual e artística da Bahia. A programação destacou o protagonismo dos afoxés dentro do calendário cultural do estado, valorizando tradições que ajudaram a construir a memória e a musicalidade baiana.
O desfile percorreu ruas históricas do Centro Antigo, levando o público a acompanhar cantos, dança, tambores, alfaias, figurinos e símbolos religiosos que remetem diretamente aos terreiros de candomblé e às raízes africanas. Para além de uma apresentação artística, o encontro representou um momento de afirmação cultural e espiritual, reafirmando a presença e o legado das comunidades de matriz africana, que sustentam a história dos afoxés como verdadeiras escolas de tradição e resistência cultural. A energia coletiva transformou o Pelourinho em um grande espaço de celebração comunitária.
O “Esquentando os Atabaques” também se consolidou como um espaço de preparação para o carnaval, já que muitos dos afoxés presentes integram, há décadas, a folia baiana com seus cortejos consagrados. A presença das 24 agremiações reforça a capacidade de mobilização e continuidade dessas entidades, que preservam ritmos ancestrais e saberes transmitidos de geração em geração. O evento também funcionou como vitrine para novos integrantes, jovens músicos e dançarinos que encontram nos afoxés uma forma de pertencimento e formação cultural.
De acordo com organizadores e participantes, reunir os afoxés no coração do Centro Histórico tem significado simbólico e político. O Pelourinho, reconhecido mundialmente como patrimônio da humanidade, é um dos maiores marcos da memória afro-brasileira. Ao ocupar esse território, os afoxés reafirmam a centralidade da cultura negra na construção da identidade de Salvador, fortalecendo ações de preservação e regulamentação das manifestações tradicionais. O IPAC destaca que iniciativas como essa fortalecem as políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial.
O público que acompanhou o desfile teve a oportunidade de vivenciar performances únicas, marcadas pelo compasso do ijexá, ritmo associado principalmente a Xangô e Oxum, e amplamente difundido na música baiana e nacional. Afoxés consagrados e grupos mais recentes apresentaram repertórios diversos, destacando temas sobre ancestralidade, tolerância religiosa, luta antirracista e celebração da vida. A união das agremiações reforçou ainda o papel social dessas entidades, que funcionam como espaços comunitários de acolhimento, arte e educação.
O evento encerrou-se com apresentações coletivas no Largo do Pelourinho, onde integrantes dos afoxés promoveram uma grande roda de música e celebração. Para as autoridades culturais, o sucesso da edição reforça a importância de expandir iniciativas desse porte, garantindo visibilidade às tradições de matriz africana e fortalecendo a participação de comunidades culturais na agenda pública da cidade. O “Esquentando os Atabaques” reafirma Salvador como referência mundial da cultura afro, destacando o ijexá como um dos pilares da identidade baiana.





